segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Segredos da Alma

Dubitando ad veritatem pervenimus.
Ars longa, vita brevis.
Carpe diem.
Bonum vinum laetificat cor hominis.
Cogito, ergo sum.

7 comentários:

Victor Pinho disse...

Aqueles que ninguém ousa lembrar e nem sabe contar. Enigmas da natureza humana desconhecida que encerra algo de mítico e intemporal

lle disse...

oi bom dia gostei do seu perfil

Victor Pinho disse...

http://acavedopinho.blogspot.com/2007/08/segredos-da-alma.html

Victor Pinho disse...

Viriato Palus enviou-lhe uma hiperligação para um blogue:

O nome se julga ser um nome híbrido formado por um termo latino (PORTVS, porto) e outro grego (καλός [kalós], ou seja, belo), donde qualquer coisa como Porto Belo; outros opinam que Cale provém da tribo que habitaria a região nos tempos pré-romanos.

Victor Pinho disse...

Vem por aqui- dizem-me alguns, com olhos doces, estendendo-me os bracos e seguros de que seria bom que eu os ouvisse quando me dizem: vem por aqui!
Eu olho-os com olhos lassos, (Ha nos meus olhos ironias e cansacos) E cruzo os bracos, e nunca vou por ali... A minha gloria e esta: Criar desumanidade!
Nao acompanhar ninguém. -Que eu vivo com o mesmo sem vontade com que rasguei o ventre a minha mãe. Não, não vou por aí!
Só vou por onde me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber, nenhum de vos responde, por que me repetis: vem por aqui? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, redemoinhar aos ventos, como farrapos, arrastar os pés sangrentos, a ir por ai...
Se vim ao mundo, foi só para desflorar florestas virgens, e desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço, não vale nada. Como, pois, sereis vos que me dareis impulsos, ferramentas e coragem para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, e vos amais o que e fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem, amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide!
Tendes estradas, tendes jardins, tendes canteiros, tendes pátrias, tendes tectos, e tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha loucura!
Levanto-a como um facho, a arder na noite escura.
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; mas eu, que nunca principio nem acabo, nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peca definições!
Ninguém me diga: vem por aqui!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, ma sei que nao vou por ai!

CÂNTICO NEGRO,
Jose Regio

Victor Pinho disse...

Calçada de Carriche

Luísa sobe,

sobe a calçada,

sobe e não pode

que vai cansada.

Sobe, Luísa,

Luísa, sobe,

sobe que sobe

sobe a calçada.

Saiu de casa

de madrugada;

regressa a casa

é já noite fechada.

Na mão grosseira,

de pele queimada,

leva a lancheira

desengonçada.

Anda, Luísa,

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.



Luísa é nova,

desenxovalhada,

tem perna gorda,

bem torneada.

Ferve-lhe o sangue

de afogueada;

saltam-lhe os peitos

na caminhada.

Anda, Luísa.

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.



Passam magalas,

rapaziada,

palpam-lhe as coxas

não dá por nada.

Anda, Luísa,

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.



Chegou a casa

não disse nada.

Pegou na filha,

deu-lhe a mamada;

bebeu a sopa

numa golada;

lavou a loiça,

varreu a escada;

deu jeito à casa

desarranjada;

coseu a roupa

já remendada;

despiu-se à pressa,

desinteressada;

caiu na cama

de uma assentada;

chegou o homem,

viu-a deitada;

serviu-se dela,

não deu por nada.

Anda, Luísa.

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.

Na manhã débil,

sem alvorada,

salta da cama,

desembestada;

puxa da filha,

dá-lhe a mamada;

veste-se à pressa,

desengonçada;

anda, ciranda,

desaustinada;

range o soalho

a cada passada,

salta para a rua,

corre açodada,

galga o passeio,

desce o passeio,

desce a calçada,

chega à oficina

à hora marcada,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga;

toca a sineta

na hora aprazada,

corre à cantina,

volta à toada,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga.

Regressa a casa

é já noite fechada.

Luísa arqueja

pela calçada.

Anda, Luísa,

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada,

sobe que sobe,

sobe a calçada,

sobe que sobe,

sobe a calçada.

Anda, Luísa,

Luísa, sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.

António Gedeão

Poesias Completas (1956-1967)

Victor Pinho disse...

24 de Outubro de 2016 -
Foi há muito tempo que deixei lembranças que depois não continuei
Hoje só vim cá para lembrar isso.