Dubitando ad veritatem pervenimus.
Ars longa, vita brevis.
Carpe diem.
Bonum vinum laetificat cor hominis.
Cogito, ergo sum.
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
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É um sub-mundo do consciente em que habitam os monstros e fantasmas, que não nos deixam dormir. Aqueles que nos atormentam o quotidiano pela força que têm e nunca se esquecem de nós, mesmo não estando entre os vivos, continuam a povoar o nosso imaginário pela grandeza que representam
7 comentários:
Aqueles que ninguém ousa lembrar e nem sabe contar. Enigmas da natureza humana desconhecida que encerra algo de mítico e intemporal
oi bom dia gostei do seu perfil
http://acavedopinho.blogspot.com/2007/08/segredos-da-alma.html
Viriato Palus enviou-lhe uma hiperligação para um blogue:
O nome se julga ser um nome híbrido formado por um termo latino (PORTVS, porto) e outro grego (καλός [kalós], ou seja, belo), donde qualquer coisa como Porto Belo; outros opinam que Cale provém da tribo que habitaria a região nos tempos pré-romanos.
Vem por aqui- dizem-me alguns, com olhos doces, estendendo-me os bracos e seguros de que seria bom que eu os ouvisse quando me dizem: vem por aqui!
Eu olho-os com olhos lassos, (Ha nos meus olhos ironias e cansacos) E cruzo os bracos, e nunca vou por ali... A minha gloria e esta: Criar desumanidade!
Nao acompanhar ninguém. -Que eu vivo com o mesmo sem vontade com que rasguei o ventre a minha mãe. Não, não vou por aí!
Só vou por onde me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber, nenhum de vos responde, por que me repetis: vem por aqui? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, redemoinhar aos ventos, como farrapos, arrastar os pés sangrentos, a ir por ai...
Se vim ao mundo, foi só para desflorar florestas virgens, e desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço, não vale nada. Como, pois, sereis vos que me dareis impulsos, ferramentas e coragem para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, e vos amais o que e fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem, amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide!
Tendes estradas, tendes jardins, tendes canteiros, tendes pátrias, tendes tectos, e tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha loucura!
Levanto-a como um facho, a arder na noite escura.
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; mas eu, que nunca principio nem acabo, nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peca definições!
Ninguém me diga: vem por aqui!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, ma sei que nao vou por ai!
CÂNTICO NEGRO,
Jose Regio
Calçada de Carriche
Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu a sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada,
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
António Gedeão
Poesias Completas (1956-1967)
24 de Outubro de 2016 -
Foi há muito tempo que deixei lembranças que depois não continuei
Hoje só vim cá para lembrar isso.
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